“Olho inflamado” na Primavera

domingo, 6 de abril de 2008

O “olho vermelho” é uma apresentação clínica muito frequente e justifica mais de 60% das prescrições tópicas oftalmológicas. Pode observar-se na alergia ocular, nas conjuntivites infecciosas (bacterianas ou víricas), com secreções sero-mucosas e crostas matinais, no olho seco (ardência com sensação de “areia” e pouca lágrima), nas querato-uveítes (visão turva e dor) ou no glaucoma agudo. O tratamento é diferente em cada um dos casos pelo que o diagnóstico diferencial é fundamental.


A conjuntivite alérgica é a forma mais comum de alergia ocular, afectando cerca de 20% da população e, muitas vezes, acompanha-se de sintomas nasais de rinite. Manifesta-se por “olho vermelho” e consiste numa doença inflamatória da superfície ocular externa, frequentemente recorrente, com sinais e sintomas agudos, bilaterais, de prurido (comichão), por vezes sensação de ardência (queimor), lacrimejo, fotofobia (sensibilidade à luz), hiperemia (olho vermelho) e quemose (edema da conjuntiva de aspecto gelatinoso).

Sintomas, sinais e tratamento do olho vermelho


Há várias formas de alergia ocular:

1) conjuntivite alérgica: é a mais comum e manifesta-se em 70% dos doentes com rinite alérgica. Pode ser sazonal (Primavera), provocada por pólenes (gramíneas, oliveira,...), ou perene, por ácaros do pó da casa e epitélios de animais domésticos (por ex. gato), com agravamento à noite e ao levantar;

2) queratoconjuntivite vernal, rara e grave que afecta crianças e adolescentes, com prurido intenso, extrema fotofobia e visão enevoada por inflamação da córnea (queratite);

3) queratoconjuntivite atópica, manifesta-se mais no adulto por pálpebras inflamadas e crostas (blefarite), de tratamento difícil, associada a catarata e queratocone (córnea em forma de cone). É a alergia com maior risco de cegueira;

4) conjuntivite gigantopapilar devido à aderência de alergénios e limpeza deficiente da superfície das lentes de contacto moles (hidrófilas) ou por reacção alérgica aos conservantes das soluções de limpeza das lentes;

5) blefaroconjuntivite de contacto/tóxica associada à toxicidade ou sensibilização induzidas por cosméticos e constituintes farmacológicos presentes em colírios e pomadas oftálmicos, se usados repetidamente.

Causas e tratamento
Com a exposição ao ar condicionado, a principal queixa surge nos doentes com inflamação conjuntival prévia ou com o síndrome do olho seco. O olho seco está associado à idade, factores ambientais, doenças locais ou sistémicas e utilização de alguns fármacos. Estudos epidemiológicos internacionais apontam para uma prevalência de 15%. O ar condicionado, tal como os ambientes secos e ventosos, apenas agravam uma condição clínica previamente existente, que pode melhorar com lubrificantes oculares (emulsões e geles) e lágrimas artificiais sem conservantes (mono-doses).

A alergia ocular previne-se com medidas de evicção dos alergénios. Na época polínica deve-se usar óculos escuros (100% filtração ultravioleta) e evitar andar ao ar livre nas primeiras horas da manhã, altura em que há maior polinização, em dias ventosos, quentes e secos e em espaços relvados. Nas casas, é fundamental evitar a acumulação de pó e de ácaros domésticos, cujo crescimento é facilitado pelo calor e pela humidade.

O tratamento anti-alérgico com anti-histamínicos tópicos de acção rápida e dupla, com estabilização prolongada dos mastócitos conjuntivais, como azelastina, cetotifeno, epinastina e, mais recentemente, olopatadina, é eficaz no alívio imediato dos sintomas e previne a libertação de mediadores inflamatórios.

Os corticosteróides tópicos são também eficazes, mas o seu uso deve ser cuidadoso, por períodos curtos e monitorizado por oftalmologistas, porque provocam atraso na cicatrização da córnea, aumento da tensão intra-ocular (glaucoma), formação de catarata e imunossupressão local, aumentando o risco de sobre-infecção (herpes) da córnea e conjuntiva. Pelo menos 20% da população europeia com menos de 30 anos tem rinite.

Num estudo epidemiológico transversal realizado para avaliar a prevalência e caracterização da população portuguesa com conjuntivite alérgica (Estudo Season), a prevalência de conjuntivite alérgica foi de 30%, em que 20% dos doentes recorreram ao oftalmologista e 24% automedicaram-se.

A conjuntivite alérgica foi motivo para absentismo em 7% dos doentes. Uma em cada cinco pessoas sofre de algum tipo de alergia ocular, com impacto na sua qualidade de vida e no grau de absentismo escolar e profissional, pelo que a sua prevenção e a terapêutica são fundamentais para a população que sofre de alergia.

Dr. Jorge Palmares

Chefe de Serviço
Consulta de Córnea e Imunopatologia Ocular Hospital S. João
Coordenador do Grupo Português de Inflamação Ocular

Óculos 3D captura e gera imagens para computador

quinta-feira, 3 de abril de 2008

O dispositivo foi criado para “fotografar” aquilo que o usuário vê e exportar as imagens para o computador usando uma conexão sem fio.

A criação foi apresentada no Japão, por Hideki Nakayama, estudante da Universidade de Tóquio. Com o invento, as filmagens acompanham o ponto de vista dessa pessoa. Em formato de óculos, a invenção foi apelidada de AI Google e tem de ser usada presa à cabeça.

O dispositivo foi desenvolvido em conjunto com dois professores da faculdade – Tatsuya Harada e Yasuo Kuniyoshi. O dispositivo é composto por um óculos e uma webcam para capturar as imagens. Ao mandar as imagens ao computador, ele cria “etiquetas” com nomes relativos à foto.